Por Willys Nakamura
Confesso que sempre admirei Ciro Gomes. Li seu livro ainda no início da faculdade de Ciências Políticas e, desde então, ele me desperta interesse — seja pelo currículo robusto, seja pela forma contundente com que se coloca no debate público. Justamente por isso, assistir hoje à sua filiação ao PSDB me provocou sentimentos mistos.
De um lado, há o peso simbólico de ver um político com a trajetória de Ciro se alinhar a um partido historicamente relevante, mas que há anos tenta reencontrar seu espaço. De outro, a cena em si trazia algo quase cômico: ver no mesmo palanque figuras como André Fernandes — com quem Ciro diz ter “grandes divergências”, embora acredite que o diálogo possa superá-las —, o prefeito José Sarto e até Tasso Jereissati, lado a lado, foi um retrato curioso do momento político cearense.
O evento também reuniu nomes como Capitão Wagner e Roberto Cláudio, simbolizando uma união improvável da oposição no Estado. Essa composição me levou a uma reflexão inevitável: até que ponto é legítimo “unir-se ao inimigo” para enfrentar outro? O pragmatismo político tem seus limites, e não é certo que o prestígio de outrora de Ciro e Tasso consiga superar a aversão que boa parte do eleitorado sente por esses novos aliados.
Ainda assim, uma coisa parece evidente: as eleições de 2026 no Ceará prometem ser intensas, acirradas e imprevisíveis. A movimentação de hoje foi apenas o primeiro capítulo de um enredo que, sem dúvida, ainda vai render muitos desdobramentos.
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