Outro dia me deparei com um menino, aparentava uns 8 anos, estava em um cruzamento movimentado da cidade, cerca de 9 da noite, com cara de quem estava perdido. Parei minha bicicleta, me aproximei e perguntei: – Ei amigo! Tá precisando de alguma coisa? – ele me olhou e acenou com a cabeça dizendo que não. Insisti e questionei: – Tem certeza? – novamente ele acenou dizendo que não. Contrariado eu perguntei onde ele morava, ele só apontou pra uma casinha ali próxima e como um entrevistador do IBGE, fiz mais e mais perguntas ao menino.

Por fim, para o alívio do meu pequeno companheiro, perguntei se tinha alguém em casa, já que as luzes estavam apagadas, ele disse que sim, sua mãe estava em casa e seu pai tinha saído em busca de emprego. Dessa vez ele voltou-se para mim e perguntou: – É difícil achar emprego? – eu olhei pra ele e sorri dizendo: – Muito difícil! Mas sempre aparece alguma coisa. Ele, como se estivesse conformado, suspirou e disse: – Por isso, ele deve de tá procurando. Faz quase um ano que ele saiu, acho que volta amanhã.

Entendendo a situação o vi me dar tchau e andar pra sua casa, sua mãe não tinha cara de muitos amigos, mas acenou de longe para mim. Ainda mais contrariado me perguntei no caminho de volta até minha casa: – Será que o pai dele saiu mesmo pra buscar emprego? Ou foi algum sinal de covardia ao abandonar o filho e a esposa? O que seria ainda mais covarde? Ficar em casa e agredir a esposa? Ver seu amigo agredir a esposa sem fazer nada?

Precisa de coragem pra ver uma injustiça e agir…ou será que precisa apenas ser “humano”?